miércoles, 28 de noviembre de 2007

Catarina, a da Boa Fortuna

Sera uma novidade fresquinha?? Uma historia impressionante??? Una aventura increible???
Não, não tive tanta graça nestes dias desaparecida: a verdade e que, seguindo a lógica de sorte que me persegue desde o outro lado do oceano, o teclado do meu computador “subitamente” deixou de funcionar. “Subitamente”, porque realmente o que aconteceu não foi tão inesperado quanto isso. Mais, direi mesmo que se pode adivinhar uma relacao causa-efeito com alguma seguranca quando deixamos entornar um copo em cima do teclado. (acho que não releva muito o que estava no copo pois não?)
Assim vivi eu estes últimos dias de tecnologia. Foi telemóvel, foi mp3. E foi computador. Felizmente existem os direitos do consumidor, prontos a ser deturpados, e se a vitima e uma multinacional poderosa, mais limpa vai a consciência no discurso do “não percebo, deixou de funcionar de repente, não sei que aconteceu”. E assim a garantia paga-me o arranjo, e nao fico depenada em 250 dolares – mais ou menos o dobro do que pago pela casa!

[Aparte: sou de facto uma pessoa muito coerente. Neste preciso momento, acabo de entornar o meu mate no teclado portátil que comprei para usar enquanto não me vem buscar a compu para arranjar… alguém me prende as mãos e me inibe de qualquer subtil movimento?? Começo a perceber porque cada vez que pego em copos para levar para a cozinha, os rapazes deitam as mãos a cabeça, e porque o fazem também quando me aproximo dos computadores, e quando passo pelo emaranhado de fios, e outros movimentos aparentemente simples, que na minha pessoa descoordenada se tornam potenciais causadores de catástrofes naturais. Enfim. Seguindo…

Entre aquele ponto final e esta maiúscula passaram algumas horas. Desesperadas, porque o teclado que comprei ONTEM deixou de funcionar temporariamente... Acaso ou pura falta de jeito… que boa fortuna a minha.
Menos mal, dia de parque, dia de sol, dia de boas conversas, bom típico mate.
E um jornal cheio de noticias a dar que pensar e que escrever – a la iremos. Por agora fica um "estou viva, e tenho muitas coisas para contar." Mas tudo a seu tempo, que o teclado tem de ser tratado com carinho. E os escritos em marcha ainda estão a cozinhar na cabeça (que pensam, sem teclado torna-se difícil actualizar-vos em cima do acontecimento).
Estou quaaaase de ferias!!!!!


Ate ja ja ja (juro que num toque actualizo os meus dias)
Saudades (o Natal´e lixado)

jueves, 15 de noviembre de 2007

Aaah, o porteño complicado

Depois de algumas – muitas – conversas de mesa, chegou a altura de tirar algumas conclusões. Partindo do facto de que a composição das mesmas (mesas), pelo menos das mais sentadas (ai que boa parvoíce brincar com as palavras, viram?, mesas sentadas?, a falta de estímulo intelectual universitário está a dar-me a volta ao miolo, e acabo nestes entretenimentos… a lá iremos, outro assunto a discorrer)… retomando o pensamento e o fio à meada, as mesas mais sentadas dos meus dias têm uma composição reincidente: a grande Europa (Espanha, França…), a Argentina, e o meu querido pequeno Portugal – geralmente, eu. Make sense, no?
A conversa toca os quatro cantinhos, rodopia e pica o ponto nos mais variados t(r)ópicos.
E algumas luzes se vão acendendo, nesta querida charada que é a alma argentina; corrijo, porteña. Porque – todos o dizem, e vou percebendo - Buenos Aires é um pequeno país dentro da grande Argentina. Ouvido de passagem que “Christina Kirchner no gano las elecciones”. Ou seja, ganhou em todo o país, menos na Capital Federal. Esta é uma das claridades, a luz de presença a facilitar outros interruptores.
O porteño. A Cidade. A maneira de estar, o pensar tantos assuntos, os tiques de linguagem, a pinta, os ares deles… dizem os locais. Que saindo das linhas fronteiriças da Capital Federal para a Província, tudo muda, e aí se conhece a Argentina real, para lá dos ares cosmopolitas e urbano-iorquinos/parisienses da Buenos Aires.
Partamos deste principio: iorquinos não é comparação que sairá da boca do porteño: a mirada é atirada para a Europa, modelo buscado de muitos temas.
Os porteños têm uma relação muito… especial, com Europa.
Buenos Aires é a “Paris da América do Sul”, Buenos Aires é “uma cidade muito europeia”. E a troça dos chilenos afirma-se no “acharem que são a Londres cá do sítio”.
A moda é parecida, a cidade dá ares de uma Madrid, falar francês é um máximo e é pão nosso, até a insuportável cultura noctívaga da musica electrónica, a que os hispânicos orgulhosamente escaparam, com notas nacionais a agitarem a noite boémia – miren España, miren Colômbia - aqui é sinal de bom gosto – e a cumbia vai perdendo terreno, com olhares de “olhó parolo”.
“Uma cidade muito europeia”.
E depois, nas conversas roladas, vem o outro lado da moeda. O que fica por trás da admiração, do exemplo tomado. Porque a comparação é assumidamente feita num misto de orgulho (por poderem comparar), e algum despeito – porque comparam… e eso es.
Porque “nós os europeus” temos o euro, e a vida facilitada com ele. Porque temos salários mais altos, preços mais altos. Porque podemos cruzar o oceano e ser reis deste lado. E porque eles, fazendo-o, vêem a moeda reduzida 4 vezes.
O tema económico das idas ao supermercado e do preço da coca-cola – universal hábito, exemplar exemplo – vem inevitavelmente à mesa.
O facto é que já vi mudarem propostas de renda de casa de 1000 pesos para 1000 dolares, pelo simples facto de ser extrangeiro – e assumido em voz directa; já ouvi histórias de preço inventados perante sotaques de outras terras; e já tive uma discussão irritante com um argentino da minha faculdade, em que lhe explicava que era estudante, estava longe de casa, e por isso, naturalmente, não fazia vida de milionária; ao que ele me atirou um despeitado e desprezivo “pero ustedes tienen el euro”.
Vitimizam-se um bocadinho pelo estado das coisas, lembram sofridamente os dias do 1peso/1dolar - o porteño não viveu bem esse distanciamento do european way.
Isso nota-se na maneira como falam do antes, as viagens aos EUA, a potência da Sudamerica, o lugar no mundo. E de alguma picardia com os chilenos, que têm agora a moeda muito mais forte, a vida muito mais cara, a economia muito mais consistente.
E depois vem a terceira luz: é que no duelo de mesa entre as condições de vida de Espanha e a falta delas na América Latina, eu balanceio sem saber muito bem onde me encaixo na discussão. Porque sou europeia, mas não no que se discute (o salário mínimo espanhol, as bolsas de estudo, a qualidade de vida, o poder de compra… nada que ver boludo!), e porque sou europeia, e por isso não me aceitam a jogar na equipa contrária, aunque as críticas e os defeitos do sistema apontados pelos de cá, reconheço-os tal e qual – tal e qual! - em nós. E afinal, em que ficamos? Sinto-me latina, mas não tanto, filha de uma Europa em crescimento… mas não tanto.

Enfim, nem tudo são vícios no meu querido povo porteño. Têm a já mencionada e graciosa lábia – o well known chamuyo -, o que não implica apenas os rapazes nas festas serem 'un poco pesados', todavia siguen siendo gente con muy buena onda, e um povo simpático à boca cheia! São fanáticos pelo rock nacional, e todos, sem tirar um, trabalham. Desde os princípios da vida universitária. Com horário fixo e a normalidade de qualquer coisa que faz parte.

E continuam charmosos/as, e continuam a ter um sotaque de cair para o lado!

E acima de tudo, assumem tudo o que acabei de dizer com um bom sentido de humor!
Que boas complexas almas são!

jueves, 8 de noviembre de 2007

Perdidos e roubados

Et voilá!
O segundo telemóvel também já foi - como me perguntou alguém hoje, "Pero cual es tu problema?!?".
Pronto, pronto. Desta vez não tive culpa. Um drogadito apanhou-me no caminho para a faculdade, de manhã (passarinhos a cantar, sol radioso, flores nos parques... imaginam o bucólico primaveril matinal?), e lá me deu medo suficiente (depois de algumas ameaças em castellano, das quais, confesso, não percebi metade. Não sei se da pedrada com que estava, ou da gíria patife que desconhecia. Mas à força de linguagem corporal e expressão dramática, lá nos entendemos... Pelo menos, eu entendi-o perfeitamente!) para lhe passar o telemóvel (buaaaa) e o mp3 (buaaaaaaaaaaaaa).
Felizmente, logré ocultar la plata (200 pesos, pelotuda!) y la tarjeta (la unica que tengo, pelotuda total), y bueno, al final no pasó nada de más grave...
Fora o susto (e que susto...), a raiva do desdentado, a minha manhã primaveril estragada, e o meu património quase todo, sumido - ah, restam-me de bens próprios um conjunto de lençois de má qualidade e um par de meias azuis.
Felizmente mantenho o bom humor... já que não posso ouvir música, sempre me entretenho no autocarro a contar matrículas começadas por C.

martes, 6 de noviembre de 2007

El Asado

A mais típica tarde argentina. Tarde de assado, a começar a aquecer as brasas à uma da tarde, e a arrastar a conversa solta à volta da mesa e da carne - solteira, só ela mesma. E das caipirinhas a correr da cozinha ao jardim, que o anfitrião era um brasileiro simpático – não são todos? A perder a luz do dia sem dar por isso (foi da conversa? Das caipirinhas?), e a entrar pela noite dentro.
A mais típica tarde argentina. Sinónimo de dolce fare niente, rien faire, pura pereza, nem o asador – o Leonardo e o meu querido Filipe, à vez, e em pose de verdadeiro homem do churrasco. Churrasco, não. Assado – asado! Que tem muito mais charme.
Não parou de chegar gente, e não parou de sair carne da grelha. Doze horas de rabo sentado, da uma à uma, e que conforto! Acabamos cheios de originalidade… a dançar cumbia e salsa na sala, entre passos mais ou menos desajeitados e muita risa, entre as trocas de pares!
O mais típico assado, fora não haver argentinos para além dos bifes.