sábado, 16 de agosto de 2008

...

Nao ha muitas palavras para escapar ao cliche de dizer que nao tenho palavras....
Cheguei ao fim(?) destes ares. Cheia como um balao.
Vivi e vi mais e mais espectacularmente do que alguma vez podia ter previsto.
Hora de regressar... Como se faz isso(mesmo depois de se ter chegado)?

(obrigada aos fofos que nunca deixaram de 'estar' comigo)

martes, 5 de agosto de 2008

final countdown

A mel já foi. A minha mae já foi. Agora é a casa que se fecha, lavados os solos e tapados os moveis. O proprietario chega daqui a uma hora para fechar o contrato e nos por a andar.

E depois, é a minha vez.

Depois de idas mais-que-muitas ao aeroporto de ezeiza a levar outras almas deste ano de Buenos Aires, a proxima será a minha ida, e depois de encerradas muitas contagens decrescentes de outros e outras coisas, de repente comeca a minha propria - e é tao curta!!

Um ano de demasiadas coisas enfiado já em duas malas em excesso de peso(!) e 9 dias para as despedidas de quem fica (quase ninguem, sou das teimosas resistentes da velha guarda) e dos lugares - nao é descabido??

Nem sei para onde me virar. Ontem já tive o meu primeiro ataque de histeria, quando recebi um soco no estomago do meu quarto vazio, branco, nao pertencente a ninguem, já.

Enfim, coisas que passam!

É bom saber que ha pessoas desse lado que contam os dias por mim (és o maior, mart!!)

até já.... Quase!!

sábado, 2 de agosto de 2008

A queda de um Anjo

(que para os que nao sabem, é o titulo de um livro do Camilo Castelo Branco - clara alusao jocosa ao titulo de honoravel professora de portugues e amante das letras da visada. E como caiu o ''anjo''!! Aqui estao, o prometido é devido!)





ai, o que uma filha tem que aturar...*suspiro*


Quem nao tem cao...

Há os que tem gatos em casa. E há os outros.

(um lama de estimacao, com direito a chá e tudo)

viernes, 1 de agosto de 2008

Patagonicas 1

O amanhecer no lago Argentino - que se chama assim, porque tem um extraordinário azul, e entre ele e o céu limpo que os primeiros exploradores encontraram, estava a montanha nevada: as cores da bandeira, portanto.

Um barco ao estilo petroleiro-chic, a vaguear entre glaciares e outros gelados flutuantes - um titanic, em ousadia.

A paleta de cores é real e é de outro mundo - a Patagónia. Os azuis sao furiosos, os cinzentos espelhados, e os brancos, imensos.

Patagonia, parte I: os Glaciares.

























domingo, 27 de julio de 2008

sinal de vida na bunda do mundo

Sim, estamos vivas!!
Depois de uma chegada emocionante com direito a chorinho rapido e disfarcado, e com uma extraordinaria reviravolta climaterica, que parece ter sido quase de proposito (os 5 de maxima e o ceu cinzentao deram lugar a um explendido sol de 20 graus e uma cidade mais iluminada, mais bonita... e com permissao a almocos e submarinos na esplanada), là iniciamos, a francisquinha e eu, a temporada.
Cinco dias calmos em Buenos Aires (ando a cuidar bem da miuda, ainda nao a meti numa festa-ao-estilo-selvagem-erasmus, e os horàrios recomendaveis sao cumpridos com mais ou menos precisao), e nao sem que a sua alma de Mae viesse a superficie (era eu virar as costas, e là se punha a pequena a esfregar, limpar, varrer... atè uma esfregona e balde respectivo para o lar!! *suspiro* Hà coisas que sao mesmo da natureza, que è que se ha de fazer?), là partimos por fim para as Jornadas do Fim do Mundo.
Do Fim do Mundo nao, que nao là chegamos: os nevoes da Patagonia, depois de nos terem obrigado a esperar em plena pampa por corte de estrada (nem se viam as linhas), cortaram-nos tambem o caminho a Ushuaia, o dignissimo Cu do Mundo - ou mais cortezmente, a ciudade mais a sul do planeta.
Mas se nao chegamos a extremidade maxima da dita Bunda, pelo menos na sua area de identificacao estamos - quero eu dizer, SIM, estamos nos confins da Terra, mais a Sul do que alguma outra vez; onde o sol nasce as 9h30 da manha e as 5 jà è noite. E onde o ceu parece estar colado a cabeca, como um tecto mais baixo (surgem receios sindrome asterix-abracursix).
Tudo està branco - lembra a Uyuni, com diferentes razoes Naturais - e as casas tem estes telhados de terra de duendes; as aldeias parecem pequenas caixas de toblerone, com iguais formas e mais cores, a ressaltar no Branco imenso.
È estranho ver tanta neve e tanto inverno a altitude zero - sao de facto impressionantes as paisagens por estes confins.
Por cà andamos, a ver icebergs, glaciares, lagoas geladas (onde se pode caminhar!!), picos nevados...
Outro mundo, a Patagonia no seu estado puro: o seu inverno. O real frio a entrar nos ossos, os nevoes a cortar caminhos, tudo branco como num postal, as cidades fantasma pela falta de turistas nesta altura do ano, ... E apesar dos contratempos (buses que no saiem, caminhos que nao podem ser caminhados, nevoes que sobem ate aos joelhos, cafes que estao fechados-e-a-gente-precisava-agora-era-de-uma-beberagem-revigoradora, uma gela de arrepiar as cartilagens e a alma, a rocar o desespero-quero-uma-cama-quentinha-e-ficar-la-todo-o-diaaaa, etc...) vale tao mais a pena conhece-la assim; a real Patagonia, como ela è mais bonita.
Temos fotografias extraordinarias.
Mas isto è so uma nota de sinal de vida, e pra mais tarde as imagens reais - aguardem, queixos, que vao cair!!

Cà vos deixo, por agora: dia 29 voltamos a civilizacao, e depois disso, prometo informes detalhados!!


ps: foram registrados alguns momentos fotograficos da Francisquinha em grandes tralhos&trambolhoes no gelo, incluindo umas em que figura no meio do chao agarrado a duas jovens arvores, que certamente tem o seu crescimento comprometido! Aguardem proxima comunicacao, hehe!!

domingo, 13 de julio de 2008

de repente e do nada...

Iamos nós tranquilas pelas ruas de san Telmo, quando de repente...

Ok, o som nao presta. E a imagem também não. Umas palavras de esclarecimento que evitem comentários tipo ‘’e…??’’ ou ‘’não percebo porque é que isso mereceu um post, não deves ter mesmo nada para dizer’’.
Parece que todos os loucos de todas as esquinas de San Telmo – esses talentosos e solitários percussionistas assinalados por um djambé e um gorro no chão virado contrario – se reuniram espontaneamente em Defensa e Chile, e o povo aderiu ao impulso e a festa.
Um passeio calmo pelas ruas de san Telmo, um fim de tarde tranquilo, e de repente… Uau.
As ancas decidiram ceder a batucada, e compôs-se a marcha.
Senti-me numa festa de luau, numa praia perdida caribeña. Só que estamos em Buenos Aires, é inverno, e este costuma ser um bairro sossegado.
Quem perguntava se era esta uma cidade híbrida?

Estas coisas, estes impulsos, estes 'do nada'...

Ë Buenos Aires. Duvidas??
E sim, guardei a câmara e juntei-me a festa!!

jueves, 10 de julio de 2008

martes, 8 de julio de 2008

Abracos gratis!

Em Buenos Aires o amor abunda e nao custa!!

(e nao é que nos agarraram mesmo?? Bem apertado, assim dos bons)


jueves, 3 de julio de 2008

Vacaciones de verano... a 5 grados de maxima

E a vida continua, puxada a bons ares.
Muito tango, muitos concertos, alguns teatros, e boas passeatas pelas habituais feiras do domingo – a de San Telmo, la créme de la créme, e já aqui ao lado da porta de casa, a fazer perder cabeças com o ambiente, os personagens (com cada um… é um paraíso visual), e sim, as compras: as velharias, os cartazes de tango, de filmes antigos, os matés pintados, os chapéus extravagantes, à mistura com os designers aspirantes que ali tentam as suas originalidades (algumas beeeem originais… er… e outras só divinamente giras), hippies com pulseiras de macramé e demais pedrarias, pinturas, telas, arte reciclada e arte do outro século…
Por minha parte, estou de férias! Sim, caros amigos estudiosos, fechados em casa afogados entre bafio e folhas de apontamentos, é isso mesmo: ESTOU DE FÉRIAS. Em Buenos Aires!!
E agora poderia tentar iniciar um complexo processo de incitacao a invejas e sentimentos despeitados, caros queridos-em-plenos-exames. A verdade é que ter ‘’férias de verao’’ no pico do inverno – e o inverno aqui não é brincadeira, chiça, que faz frio – não tem taaaanta graça assim, hehe.
Não, não, nem tudo são tempestades: um bom cachecol e o meu bom gorro peruano fazem as delicias de alguns paseos – um destes com orelhas e ponta espetada ao alto, que me torna reconhecível a 7 quadras, como a tonta-do-gorro-esquisito.
E cá vou passando os meus dias, fazendo planos para a visita da progenitora – bastante desafiante, já que se prevê uma Patagónia com muita neve e várias estradas intrasitáveis, a pedir uma boa dose de imaginacao e agilidade em mudar as rotas -, aperfeiçoando um Tango já fluente – com os meus novos sapatos tangueiros, que passos dios mio!, dançam sozinhos!! -, e aculturando-me o mais possível com os tais concertos, teatros e programinhas variados – dentro de uma sala de cinema as temperaturas são muito mais agradáveis!!

Aproveito a ausência de um tema quente deste post para lançar um, adiado há alguns dias de conhecimento: já reparam que estou quase de volta??
Pois é, um ano passa a correr, e este teve fogo no rabo…
A contagem dos dias é já decrescente – 52 dias porteños no meu caderno. 52?? Como sabemos??
Pois é, passo a anunciar que deixarei as ultimas pegadas em Buenos Aires (em 2008… mas isso serão outros cadernos…) dia 15 de Agosto ao fim da tarde, e que, depois de uma frustrante escala de duas horas em Paris (Paris!), chegarei finalmente a Casa dia 16 de Agosto as duas da tarde!! (arrepio, suspiro, pele de galinha….. e uma vontade imensa, imedível, de voltar a ver o meu Mundo e as minha caras)

Apresento desde já os meus receios de parecer doente ao pé de vocês: a palidez do inverno e alguns potenciais quilinhos a mais na bunda podem causar choque e repulsa, frente as vossas alminhas escandalosamente bronzeadas – e não pensem que vou entrar no avião de chinelos, para as minhas meias de la não destoarem dos vossos dedos descalços!! Peço desde já alguma consideracao, basto-me com muitos ‘’que saudades que tivemos’’ e dispenso os ‘’que branca que estás’’ haha!!

Bom, e com isto me deito, que já são pra lá das doze (da noite, leia-se), e amanha pela manha quero….. estar de férias!!!

sábado, 21 de junio de 2008

detalhe porteño

Deliciosos detalhes porteños: aproveitando o ambiente de rua (meaning: manifestacao politica, e das grandes!), um senhor muito esperto faz da paragem de autocarro um botequin de choripan (o tipico e delicioso pao...com chorizo!)
Fogueira acesa, o chorizo bem pendurado, e comeca o pregao.

Que mais se pode dizer...?

viernes, 20 de junio de 2008

Cacerolazos

Cacerolazo: do substantivo cacerola; panela. Forma de protesta muito deles. Há dias em que comeca uma, numa janela de uma cozinha distante. E em nada, em todo o bairro uma chuva metalica rebombante de 'pim pim pim' 'pam pam pam' 'poim poim poim', e comeca o cacerolazo. Tambem ha gente que sai a rua com as panelas, e pelas quadras fora vai espontaneamente convocando gente a juntar-se - assim comecaram muitos cacerolazos massivos na Cidade de Buenos Aires, desde que comecou o conflito do Campo.
É uma forma de manifestacao pacifica que 'nao mata' mas moi muitissimo..... e é isso que se quer!
http://www.youtube.com/watch?v=bEHcE18HIiY&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=N0GXzhhMuwc&feature=related

(imaginam a cidade afogada neste barulho?? Ouve-se em TODA a Cidade, e por isso chama a crescer o cacerolazo em toda ela... e é imposivel nao ouvir, mesmo vivendo na outra ponta. E é impossivel nao perceber porque se lo hace)

(nao liguem à musica, percebam as imagens)
http://www.youtube.com/watch?v=0vbk9_m7A_M&feature=related

(ah!, o 'grupo de choque' do governo sao os piqueteros, liderados pelo sindicalista D'Elia, que é o primeiro tipo que se ve na foto a pegar um soco num manifestante - sindicalista que por sinal, apoia geralmente a presidenta, e que dois dias depois, nao estava na prisao, senao no palco de discurso da presidenta, ao lado da mesma senhora. Chocante.)

Fight Club, round explicativo

Nao sei como nunca cheguei a falar disto. Ë o tema mais badalado desde que cheguei de viagem, tópico de todas as mesas de café ou de jantar, ouvido de passagem nas ruas, nas casas, nas noticias. E não se trata só de encher as orelhas de mediatismo: há séria gravidade em tudo isto.
Bom. Comecemos (nem sei por onde…).
Cristina Kirchner assumiu a presidência em Dezembro – e todos pensavam que seria uma mandato tranquilo, 4 anos mais de uma relativa estabilidade (lembro a crise de 2001 e os 5 presidentes num mês, a politica argentina é qualquer coisa entre um thriller psicológico y um filme de acçao e suspense…) que começou com o anterior presidente, curiosamente, também seu marido, Nestor Kirchner (já aqui, há muuuitas teorias de esquemas e estratégias conspirativas – mas hoje o tema não é esse).
Em Março, saiu do governo uma medida de retençoes moveis para os productores de cereais.
Pausa! Algumas consideraçoes importantes…
i)os cereais nao são só ‘os cereais’. São um país que vive muito da exportacao destes e de outros (er... carne?? Campo meaning riqueza, não é ca o nosso modesto Alentejo)
ii) uma retençao é como um imposto, com a diferença que se abate do total das rendas, enquanto o imposto se calcula da diferença entre ganhos e respectivas despesas necesarias.
iii) por estes lados federais, o fruto dos impostos volta a província em questão, para ser investido – e as províncias num pais com esta dimensão tëm a importância de pequenos ‘países’; já as retençoes vão para os fundos do governo, que faz basicamente o que lhe apetece com esse dinheiro. Ou seja, Pepito, agricultor de Neuquen, ve metade da sua producao ‘voar’ 3mil km, sem saber se a ‘redistribuicao’ de riqueza vai fazer esses 3mil km de volta.
(e outra nota: sem fazer acusaçoes… há muuuita corrupçao por aqui. Muuuuuuita)
iv) já havia retençoes aos cerealenses. De 36% (pouco?). E esta medida vem subir para quase 50% (sabendo que depois vão recair também os impostos no que sobra).

Bem, a discussão é extremada em dois pólos e pode ser entendível das duas maneiras.
O campo sente-se literalmente roubado. E claro, eu até os percebo… Se ganham 100 y gastam 20, dá igual, sacam-lhes 50 pro governo (mais o que sai com os impostos), sem saber muito bem onde vão parar.
Depois o governo pode ter os seus pontos de vista: o campo ganha bem aqui na Argentina (pudera, já viram a dimensão deste pais?), são um grande exportador internacional, e por outro lado, há gente a morrer de fome cá dentro. O objectivo bem intencionado é a ‘redistribuiçao’. Claro, mas de boas intenções está o... sistema politico cheio.
Bom, já ouvi muitas vozes. E de facto, nao consigo explicar tudo o que esta implicado, muito menos em linhas de blog.
O problema é que as duas partes se aferraram nas suas posturas, e daí nao saiem, gerando uma sucessão de conflitos e choques de carril. Já pra nao dizer que dividiram o país em vozes, apoio y posicao.
Primeiro, os cortes de estradas. Os camioneiros, aliados ao Campo, mantiveram o país ‘domiciliado’ durante quase um mês – desabastecimentos, gente sem poder ir de um lado ao outro, contratos internacionais incumpridos, comida estragada nos contentores, dizem que toneladas de leite deitado ao chão, etc.
O Governo abriu a mesa de conversacao depois desta primeira mostra de força – e já ia um mês tarde.
Não chegaram a nenhuma conclusão, enrolaram, um ministro que estava contra as retençoes foi para a rua, começa a pressão sobre os governadores das províncias para não apoiar o campo, e os coitados entre a espada dos superiores e a parede dos eleitores, o mesmo Campo que os elegeu e contra o qual os querem colocar.
Não chegaram a conclusão nenhuma. E por isso, O Governo fez birra e acabou com a converseta (politicamente correcto, o ‘diálogo’), e o Nestorzinho veio dizer que o campo nao se podia aguentar eternamente em páro, e que eventualmente chegariam a exaustao (fiava-se, entao, nos dias de frio infernal que varreram o país, nessa semana).
Bem, manifestaçao de um lado era reforço da posiçao do outro; o retomo dos páros trazia um Governo mais intransigente; e isso provocava mais cortes de estrada e desabastecimento – vão ver a pinta das verduras da mercearia e percebem o que quero dizer. A ultima vez que fui ao supermercado, havia um limite de 3 pacotes de leite por carrinho – tudo em prevencao ‘’de piores tempos’’.
E provocaçao puxa beliscão, cumpriram ontem 100 dias desde que este conflito começou. Todos os dias ganha proporçoes desmesuradas, e já não importa quem tem razão: já se afincaram tanto nos seus Sims e Nãos, que é quase impossível voltar atrás. Como uma discussão entre orgulhos que aceitam tudo – ate instalar o caos num pais – menos ceder.

E agora a senhora presidenta vai levar isto ao Congresso, onde tem a maioria necessaria para fazer lei da sua decisao, e acabar com os 'uis' - sem perceber que nao é um problema de legalidade, e que essa questao formal nao vai convencer o Campo.
A agravante, independentemente de quem tem razão, é que uma das partes é o Governo, é o Estado – que não se pode comportar como um miúdo pequeno, e cuja sobérbia e forma de actuar já me parece excessiva – e aí perde toda a razão ou a parte dela que poderia chegar a ter, ou nao. E nisto, me tornei proCampo convicta.
Por melhores que sejam as intencoes do Governo e em especial de Cristina, e por mais razão e justiça que possam ter os seus actos – e está visto que a questao não é pacifica, ou o país não estaria em pé de bandeira – é inadmisivel que manejem o tema com tamanha cara fechada, orgulho de pau, nariz ao céu. São o Estado, por dios!! Não têm que criar problemas, mas resolve-los, y há momentos em que têm de deixar de lado o papel de Pai, e cumprir o de mero mandatário.
Nao se sabe muito bem onde isto vai parar. Mas se continua assim, a economia da Argentina vai outra vez bota abaixo, e as relacoes Governo/governados não voltarao a ser as mesmas. Já para não dizer que não consigo comprar uma alface decente há dois meses, e tenho que ir comprar leite dia sim dia não.

viernes, 13 de junio de 2008

Meu Fado, meu Tango

Uma destas noites fomos ao Noutorius.
E voltei a descobrir Buenos Aires – a sesta já ia larga! Maravilhosa quotidianiedade, tudo bem, mas toca calçar os sapatos e calcorrear um pouco mais esta Movida, que ainda tem muito alimento a dar ao Espanto, e afinal, o puto chinês quase já anda sozinho!
O nome era meio duvidoso – Karina Beorlegui -, mas o panfleto que a anunciava, dizia o seguinte:
‘’El Fado es al Tango como Lisboa a Buenos Aires. Nacieron para la misma epoca, en los distintos puertos, y tienen ese aire de nostalgia, tanto en lo poetico como en lo musical…’’
Sim. Sao chorados da mesma forma, desgarrados com as mesmas palavras de rua, humor callejero, e nos dois os desamores, as partidas, o amor a si mesmos (‘ai o tango’ se tangueia, ‘ai o fado’ se fadeia…), a Tristeza encarada com trágica naturalidade, e afinal, em nome da Canção, ela tem um sentido, e até um certo regozijo.
Mas más allá da verdade – ou não – destas palavras, nada me preparou para o que ia ouvir.
A minha expectativa de um tango com alguns rasgos a lembrar guitarra portuguesa, chocou de frente com a primeira nota cantada pela pequena do microfone.
Uma Casa Portuguesa.
Uma argentina a cantar no Português mais polido que tinha. Uma argentina de sangue a cantar fado com a alma. E aparte algumas sílabas mais difíceis, em que se desmascarava a argentinidade de origem, aí estava ela – a cantora – e aí estava ele – o fado. Em Português.
Entre um Tango e um Fado, metia-se com as mesas (num estilo muito Maia Vares), pedia aprovação às portuguesas presentes – eu e a Marta -, arrancou uns amigos da assistência para o banco do piano, num género improvisado; da profunda e quase solene entrega com que cantava rapidamente descia à terra com risadas espontâneas e macacadas de miúda pequena.
E bom, entre um tango e um fado, meu coração balançava.
Bom, não relativizemos tanto, um tango é um tango (puff…..) e um fado é o Meu fado.
Quase me ponho a chorar com as primeiras palavras em português – recordo que desde Dezembro não tengo comunicação diária em português, e o castellano tomou lugar (perguntem a minha mãezinha como me ouve ‘falablar’, dá vergonha ao dicionário).
E o fado… É Fado. E mais o é quando se está longe (não é Miguelinho? Parece coisa de sangue!)
Bom, e já que estamos entre Fados e Tangos, saibam que dia 11 de Junio, a celebrar o dia de Portugal, a Embaixada convidou a um bom Fado, com direito a levar amigos – ‘’vejam, isto é o que eu sou.’’
O xaile, a mão no peito, a guitarra familiar, os fados que tocam na pele e nas Saudades, a voz falada em português ao publico. ‘’Esta aí a Gente do meu Povo?’’ Sim, estamos. Bebendo as palavras e as letras tão nossas. Ela prometeu-nos dar-nos um bocadinho ‘’dos sons, das formas, dos cheiros, do sal’’ de Portugal… E cumpriu.
Saudade.
Terminamos a noite no El Cuartito da esquina, entre pizzas caseiras e brindes de cerveja de pressão. A minha frente, sentou-se a rapariga que tinha ouvido cantar a noite anterior – acham que ela ia perder isto??
Falamos toda a noite, sobre o Tango e o Fado, o meu, o dela, e os nossos.

E por falar nisso, voltei ao Tango.

viernes, 6 de junio de 2008

mais rapido que a propria sombra

Uno se da cuenta de que o tempo voa, quando a chinesa da lavandaria do bairro que estava gravida aparece com uma criatura ao colo que ja se alimenta a papas.

viernes, 30 de mayo de 2008

Até logo, vou hibernar

Qual e coisa, qual e ela, que nem com com 3pares de meias, dois cachecois e um gorro se aguenta??
A onda de frio que esta a congelar a Argentina, batendo bastantes graus abaixo de zero em varias cidades, e uns humildes -1,5° em Buenos Aires.
E quem e que me diz que eu consigo sair da cama pela manhazinha??
A ponta do nariz espreita fora dos cobertores, e dá logo vontade de chorar... Que frio terrível, por Dios!!

domingo, 25 de mayo de 2008

Nota de histeria

MUM'S COMMING!!!!!!!!!!!!!!!!
A minha querida progenitora vem passar uns vinte dias (iauch!)com a sua cria!!!!!!
Contam-se os dias, fazem-se planos, soltam-se alguns gritinhos de histeria!!
E vamos acabar a batatada sem duvida, mas que bom voltar a poder faze-lo, nao??
Que bom que vem, querida pequena.
Fico a espera!

o que raio anda a miuda a fazer???

Tem sido dificil escrever…
Há muito tempo que nao sinto o ímpeto de correr a contar algo, que penso que não podem perder – sem contar com o incidente dos limões, obviamente, que nos proporcionou um par de gargalhadas descontroladas com a vizinha que se pos a discutir com a policia que fazia barreira de segurança (para proteger… os limões??), porque ‘’a vizinha Adelina’’ – nome fictício – ‘’levou uma saca cheiinha de limões pra casa, e tudo o que eu tenho são estes 4 míseros limõezinhos, que até verdes estão!!!’’
Ë extraordinário como se consegue este grau de indignacao (viva a sabedoria Gato Fedorento), como se de facto houvesse um direito aos limões caídos no chão.
Bom, dizia eu: é estranho.
Pergunta: alguma vez me passou pela cabeça criar um blog para contar as minhas vivências em Lisboa?, para contar a minha normalidade??

[ Talvez não fosse má ideia…com um numero quase ou efectivamente inexistente de leitores e comentarios, no doubt (e é tão bom receber palpites de outros lados, comentem, aparvalhem, soltem o comentarista/poeta/critico/humorista/chato/ que há vós, e façam-me o dia mais feliz! Hehe), mas certamente um registo digno de análise, que interesaria qualquier psicoanalista/psicoterapeuta/psicotonto – um diário da minha ‘normalidade’?? Chévere, recopado!! Zzzzzz……..]

Bom, perceberam a ideia, não??
E esta potencial morte cerebral colectiva, que dito blog provocaria, não implicaria de todo uma vida aborrecida, ou uma indiferença generalizada pelos toques quotidianos que me brindam all fucking days.
Hey!! Sou apaixonada por Lisboa, Cidade minha, fado meu (estou a ouvir Gente da minha Terra, permitam-me o descontrolo emocional por breves linhas), o meu rio a faiscar nas esquinas de pedra das casas velhas, as minhas calcadas brancas, pombos, cafés, velhos, bitoques, aquela imperial no jardim do príncipe real ou no miradouro de santa Catarina…. O rio a noite… a ponte…
Acho que vivi sempre o meu dia-a-dia num certo estado de encantamento com Lisboa.

Sinto isto que tento explicar com Buenos Aires. Já não é o gigante que me atordoa, que me arrebata de histeria fascinada, não sinto necessidade de falar dela todo o tempo – cheguei a isto que se chama a Normalidade.
E não, não quer dizer que tudo se tornou aborrecido, sem magia, indiferente…
Adoro esta Cidade, adoro sentir-me aqui, sair a rua e sentir o Movimento – o mesmo que senti, intrigada, em Setembro. Continuo a ve-la bonita – e mais bonita que nunca! – e o charme que tem esta miúda, nem mil anos lho tiram.
Mas os meus ânimos já não são de aprende-la ansiosamente; antes vive-la devagarinho, saborea-la, deixa-la correr nos meus dias, escorrer por mim.
Normal, naturalmente, com a pacatez da Normalidade y já não com a sofreguidão de um ‘turista’.

E por isso ja nao escrevo tanto… e as vezes parece que estou a deixar escapar coisas, e vocês também, mas al final, faz tudo parte do processo natural das coisas, e a verdade é que estou a disfrutar de minha Cidade com cada parte de mim…
E hey!, há sempre episódios de limões a salpicar a historia!

sábado, 17 de mayo de 2008

In Buenos Aires, O Regresso

Buenos Aires está bonita. As árvores tem cores de Outono, o sol sigue aparecendo como um miminho a cortar o frio que se vai notando…
Eu estou… tranquila. Por fim.
Depois de muitos esticões no pescoço e na paz de espírito, e demasiadas emoções a flor de uma pele que recém voltava a ‘’casa’’, finalmente me voltei a adaptar a minha doce vida porteña.
Tive que reaprender a Cidade. Já não estavam as pessoas de todos os dias, os jantares na Cabildo, o tango na Godoy, os cafés habituais, as vozes habituais, os bairros habitualmente calcorreados, as caras que se me pegaram ao coracao.
A minha lista do telemóvel estava vazia de repente, e também a Cidade. Já não era a minha multidão, era outra.
Enfim, sempre ia falando com a minha querida espanhola sobre o estranho estado das coisas; de como sentíamos saudades de tanta gente, de como de repente sentimos a Casa vazia, de como voltamos a alguns zeros. E íamos desabafando estas coisas naturais, e era só um peso ligeiro no peito.
E depois a palerma foi-se embora.
Não entremos sequer no momento da despedida – se chorei como uma menina perdida quando por fim virei as costas ao Juan, no aeroporto de Bogotá, esse sábado perdi um Norte - e uns 50% da agua do meu corpo!
Também me pos em perspectiva muitas coisas – o fim de um semestre muito especial: um grupo de gente especial, uma cumplicidade muito própria, mil episódios demasiado incríveis para serem acreditados, e alguns laços firmados já no tempo (querido Juan, mi vida, querida Ainoa, mi pao ibérica, como los extrano!); e o fim de toda a vida porteña, como a conheço. O fim da própria MINHA aventura.
Mas não desenvolvamos esta ideia, pelo menos para já (3 meses countdown.......).
Nessa noite, não fui capaz de vir dormir a casa, e finalmente segunda a noite, respirei fundo, e decidi que tinha de viver outro capitulo.

E assim tenho acordado todas as manhas até hoje, de vez em quando há musicas que me levam a outros dias e essas caras sorridentes que me fazem falta, nos dias de todos os dias (a distancia de uma mensagem é um bem inexplicável… a distancia de um oceano, de um voo largo, de três fronteiras e muitas paisagens...puff), mas já se ve bem construído um segundo capitulo cheio de sol.
De repente, as caras novas. Em ruas que não conhecia tão bem.
Os jantares de chicas, projecto frustrado do primeiro semestre, agora todas as quartas cá em casa. E as jogatanas semanais, cada vez mais preenchidas. Começamos 6 ou 7 e somos 20 agora. Vinte miúdas com muita onda e de todo o lado – a cadeia da amiga-da-amiga-de-uma-amiga minha funciona na perfeicao, e traz resultados surpreendentes.
O ambiente em casa cresceu de uma forma extraordinária – criamos a nossa própria nova cumplicidade a três, e passamos noites a gargalhar na sala. Ajuda o facto de não termos paredes a dividir os quartos, e podermos ficar meia hora na cama a aparvalhar umas com as outras, antes de apagar a luz.
Claramente um mundo mais feminino, este meu segundo – talvez ande a precisar de dizer uns palavrões para o ar e umas boas semanas de bife na frigideira; mas continuo a gostar muito de ter uma toalha de pés ao lado da banheira!
Resumindo, estou bem. Estou tranquila, por fim.

Desculpem as ausencias.
Até já!!!

lunes, 12 de mayo de 2008

Feliz Abacativersário!

Cara Tina Abacate,
A administracão do presente blog tem o prazer de anunciar que, pelo especial dia festivo, dedicará o presente dia em sua homenagem, levando a cabo uma série de eventos, patrocinados pelas saudades e amizade profunda, para o efeito; tais como pensar muito em sua pessoa, sonreir todo el dia, brindar ao bom sol que saiu hoje, recordar muito e ver muitas fotografias, sair a rua de chapeu - e sempre de chapeu -, dizer parvoices e buscar no dicionario designativos de toda a especie para chamar outras pessoas.
Parabéns meu querido Martim, seguidor fiel das minhas aventuras, comentarista profissional, atrofiado mor, meu amigo do coracao!
Espero que as tuas horas portuguesas sejam de grande palermice e muita diversao; por ca, as horas argentinas sao-lhe dedicadas!
Tenho um saquinho de limoes guardado especialmente pra si!!!

Beijinho, meu querido
(espero ser convidada para essa jantarada via videoconferencia)

domingo, 11 de mayo de 2008

martes, 29 de abril de 2008

puff.......

A Ainoa, minha querida ibérica, vai voltar a casa...
Ja este sabado.
Puff... esta vai custar.

sábado, 26 de abril de 2008

capitulo iguazu

Iguazu é uma dessas coisas do Mundo que nao podem ser imaginadas.

As fotografias parecem montagens, o cenário de fundo custa a crer; como papel de parede piroso de tao absurdo.

Mas é tao real que nao cabe nos olhos. Comeca num rio aberto, que separa o Paraguay, o Brasil e a Argentina, um rio calmo e indiferente, que de repente e por capricho, cai.

E cai entao em quilometros horizontais de cascadas, e sao cortinas de agua, perfeitas linhas paralelas, em diferentes caudais; como um grande, gigante codigo de barras; mas em tons de verde vivo (o verde da selva é sempre diferente daquele a que estamos habituados...) e chilreados de tucanos, macacos y quatis.

E a Garganta del Diablo... puff. A dimensao... hipnotiza, reduz, encolhe, atrai e assusta.... deixa borboletas no estomago.

El viaje terminó y todavía el Viaje... no.

Iguazu... por fim!!!































viernes, 25 de abril de 2008

imagens reais.... eles estivera ca!!








ps: Gracias, mis pendejos!! Fue un gusto:):)!!