viernes, 22 de febrero de 2008

Ser Colombiano é ter que ser um bocadinho mais alto

Ser Colombiano...
Sê-lo é ter a rumba no sangue. A salsa, o vallenato, o merengue, o reggaeton. É saber bailar, e bailar bien. Agarradinhos, assim em pares. Movidos, mexidos, com ritmo. Ser colombiano é ter festa a sair dos poros. É uma alma latinada com mesclas africanas no sangue, é uma boa onda especial que creio nunca ter encontrado num povo como traço geral.
É um 'ser' tao bom que bastou para criar uma vontade miudinha e comichosa de vir à Colombia descobrir onde se fazem afinal estas 'chéveres' almas - e contra tantas vozes em desacordo, tantos olhares de vê-lá-onde-te-metes.

É que ser Colombiano também é ter que carregar o peso de ser colombiano aos olhos do resto do mundo - com tudo que isso implica, vozes e olhares incluidos.
É serem as Farc, os sequestos, as guerrilhas, o narcotráfico, o contrabando, o perigo constante e o 'nao vas à Colombia, estas louco?' , sao as maes, as tias, os amigos preocupados porque vamos.
É ouvir tudo isso com um sorriso triste (imaginam o que é um amigo nao querer ir a tua casa porque tem medo dela, porque é uma selvajaria?), e é ter que engolir.
Porque ser colombiano também inclui tudo isso.
Sofrem um preconceito violentíssimo, nacionalidade e zás, traficante, filho de traficante, filho de um país de selvagens, filhos de um descontrolo selvático.
Sao revistados com o dobro do tempo, pormenor e desconfiança em qualquer posto de vigilancia e controlo, nao conseguem os visas para fazer algo como, por ej., o que eu estou a fazer. Quando saiem da sua Colombia, levam com chuvadas de imagens de outros, que pensam que nas suas ruas há guerrilheiros à luz do dia, e cocaína nas esquinas das maos e dos narizes.

A verdade? Sim, as coisas passam.

E Sim, há polícias em todo o lado, e vestem militar, o que impoe alguma sensaçao de nervoso miudinho, e há controles nas estradas, e param os autocarros, e nas entradas das discotecas, e dos supermercados, e os homens sao revistados antes de entrar no terminal de bus. E sim, obvious, a cocaína existe - e muita, sabiam que 80% do consumo mundial sai daqui? O narcotráfico é uma realidade. Os paramilitares, os subornos, as zonas 'proibidas'. Tudo isso existe. Suponho.

E sim, como negar?, a Colombia e o Ser Colombiano também sao isto. E muito. Mas nao é só que explica a Colombia.
Sao tanto mais...
Sao sua rumba - 'y que rumberos, marica!' -e a sua aguardente intragável, sao este ritmo e esta forma de dançar que é um espelho de uma forma de ser, a boa onda, a generosidade, a estupenda alegria, tudo o que afinal me trouxe aqui.

Todos os colombianos que estiveram em Buenos Aires e todos os amigos que nao estiveram moveram mundos e fundos e telefonemas e contactos para nos receber em grande. E poder perceber que a Colombia afinal nao sao só as Farc!!
Nao tivemos que ir a nenhum hostel até agora. Há sempre um amigo de um irmao de um compadre pronto para nos receber de braços abertos sem perguntar nada.
Parece-me que nao tem visitas deste genero todos os dias. E o orgulho que se lhes estampa na cara, quando se estampa na nossa admiraçao por esta Colombia sua...

Que orgulho o deles, de ser colombiano!!
Que orgulho o meu por ter tido a teimosia de vir, apesar de tudo. Esta gente vale toda a pena do mundo! E no meio de tudo isto... aprendemos a dançar!!!!

1 comentario:

Unknown dijo...

Fiquei com vontade de conhecer os teus colombianos. De facto, é muito arriscado fazer generalizações, diria eu, generalizando, em tudo. Fazem-se injustiças... são pensamentos pequeninos...