miércoles, 31 de octubre de 2007

Butch Cassidy's Patagonia, part I

Dados de uma viagem

Primeira saída de Buenos Aires, primeiro ar não porteño em três meses dele.
Os dados de uma curta viagem:
Buenos Aires – Puerto Madryn. 18 horas de autocarro, artilhados com “semi-camas” (haha, deixem-me rir, na minha terra, chamam-se cadeiras-que-se-encostam-um-bocadinho-para-trás!). 14 gentes, vindas da Colômbia, de Espanha, de França, do Brasil, da Alemanha e de Portugal. Bem, 13 alunos da Faculdade de Engenharia e a intrusa já mais que oficial e enturmada. Juan, Maria Helena, Marian, Alicia, Ainoa, Melanie, Fábio, Nathália, Patrícia, Lucas, Júlio, Christina, Anika, y yo, moi même – a ver quem percebe quem é donde!
Quatro dias extraordinários em bom convívio, época alta de reprodução de pinguins e baleias, zero português falado – nem com os brasileiros, com quem cada tentativa de falar na língua mãe, de um lado e de outro, desemboca sem percebermos no castellano.

A descoberta do Mar, depois de muito tempo, dos animais e da Natureza à distancia de uma mão. A descoberta do Quarteto e de mais um bocadinho da Cumbia (música típica argentina, o primeiro, de Córdoba, o segundo, de Buenos Aires… uma delicia!!).
E a maior de todas, a descoberta das Pampas.




a grupenga.



a nossa Mini Van...



... animada!


Catarina camionista

As minhas queridas amigas de inter rail hão de saber como sou em viagens longas: é-me impossível a prática do Sono-para-passar-o-tempo. Não há nada que goste mais numa viagem interminável do que pregar os olhos na janela e ir acompanhando a linha da terra e dos desenhos que vão ficando para trás. Poder guardar a impressão de continuidade que o avião não deixa, perceber o porquê da paisagem quando chegamos ao fim da viagem, sem ter esfregar os olhos e fazer um esforço por aprender de repente a matéria.
Aí estava eu num autocarro de dois andares, cheio de ressonares e olhos fechados. A luzinha de presença, ausência de movimento.
Lá me levantei, e pé ante pé, fui à cabine dos motoristas. Por trás da cortininha havia luz e havia vozes. Pedi para entrar a fumar um cigarro, deixaram-me e ofereceram-me o típico mate – do qual estou mais que viciada. Eram dois motoristas e um auxiliar, nas gerações dos 20, 30, e 50. Lá me instalei, e foram a minha companhia o resto da viagem.
Pequena, sentada no cadeirão ao lado do volante, e pequena, na companhia de três homens da estrada com a sua brejeirice e suas outras histórias. Bebendo maté toda a viagem, instalada no à vontade de puxar cigarros já sem pedir, aprendendo nomes da musica popular argentina, cantarolando as cumbias, ouvindo historietas ansiadas por contar, alimentando silêncios bons de estrada com a cabeça perdida nos desenhos da estrada e da terra, vista em primeira fila no ecrã gigante que é o vidro da frente de um autocarro daquele tamanho.
E assim atravessámos a noite das Pampas, do por do sol ao seu nascer, e assim, no final da viagem, o Gabi (um dos motoristas) ofereceu-me o cd de Cumbia que vínhamos a ouvir. Assim passei a primeira viagem de tantas – 18 - horas, a mais curta da minha vida.

Também assim nasceu a minha tendência de quase instintiva amizade com condutores dos mais variados transportes, já que o capitão do barco que nos levou a ver as torinas me chamou para o leme, e lá fomos charlando entre ditos do mar e outras sabedorias, entre buscas com o olhar e dedos espetados no ar, “está ali uma!”. E com o motorista da nossa mini van, que nos levou a península Valdês, onde estão os bicharocos todos, com quem fui nos bancos da frente a beber litradas de mate.



o meu lugar cativo, durante 18 horas (tomando maté!)


amigo motorista, com o meu mp3.

(to be continued...)

2 comentarios:

Joao Jalles dijo...

Hey Caqui!
Alô, Atum?

Aqui o joão tem estado muito ausente das tuas aventuras pelo pais das pampas. Por ca nada de novo. Tou agora a aprender a estudar e nao esta a ser nada facil. Assim mais empolgante so mesmo as aulas de chinois, comecei agora a aprender e tem sido porreiro.
Foi a primeira vez que vim aqui ao blog. Tive a ler alguns dos teus relatos, mas olhei para a quantidade de texto e pensei que seria muito melhor esperar que me contasses os highlights da tua viagem. Por falar em contares me pessoalmente os teus melhores momentos, tava a pensar em ir ai com o tini, o lima, a madalena e a maria. Dá para mais um, as saudades ja sao muitas e nao vejo a hora de te voltar a ver. Que me dizes?!

Bejos do joao

catarina dijo...

hey, eu tambem posso fazer comentários! extraordinario!! agora vou encher todos os posts de observações pertinentes e afirmações de concordancia haha!!
meu querido preto, serás mais que benvindo!! fico muito contente com a ideia de visitas!!!!!
muitos beijinhos aos fofos que me escrevem comentários! (e aos outros nada nada nada!!)