viernes, 17 de agosto de 2007

Resumée de uma Chegada

Este Ar vai a pensar nas almas atormentadas com a minha Fortuna, desde essa fatídica (magnânime!! Obrigada pelo bom “momento perfeito” que me deixaram) despedida. Em falta de comunicação atempada e em cima do acontecimento Chegada aqui ficam uns lampejos.

Buenos Aires. 1 da manha. Aterragem, duas horas atrasada. O que não calhou nada mal, porque eu e o Francisco decidimos solidariamente (ou medrosamente, afinal quem se quer atirar para o centro de uma cidade desconhecida e monstruosamente grande com 70 kg de malas, sem destino??) esperar pelos outros dois mosqueteiros que vinham no voo das 6 da manha.
Reunida a grupenga, passada a 1ª hora de boa parvoeira e atrofio, cambiados os euros (e neste momento passámos de remediados a muitíssimo abastados!!), táxi para A Cidade, a 30 km. Veio o primeiro cheirinho a Buenos Aires!! Taxista ao jeito de bom velho argentino (em boa verdade, nunca vi nenhum, mas este era um postal!), boina na cabeça, voz cantada (“Ai Dios! Que riso! Ai Dios!”), conversa fiada e corrida, as mãos em todo o lado menos no volante (gesticulava, apontava, parecia dançar!!), a apresentação em 40 minutos de uma Argentina por descobrir. Uma delicia!! Passei a saber (saibam também) que aqui não se paga ensino e saúde, que a cidade tem “12 milhões de pessoas e 1 milhão de travestis” (“Hay que tener cuidado e no se enganar! Ai Dios!”), que há uma comunidade portuguesa em Buenos Aires e que a carne é muito boa, “la que se come y la que anda!”!!
Brejeirice aparte, e esquecendo que quase nos íamos espetando porque enquanto gesticulava, o taxista também decidiu procurar uma fotografia na carteira para nos mostrar (… com as duas mãos!), aquela voz cantada e incansável soube mesmo a chegada.
Aí estávamos nós!
E aí começavam também os problemas.
Problemas: o senhorio é uma miudeca de 30 e alguns anos, e uma desconfiança de quem tem 70 e tem barras de ouro debaixo do colchão. Não bastante a inflacção ter subido os preços em 40% desde o ano passado, exigiu-nos na hora e em cash uma caução de 12 000 pesos (2500 euros), sob pena de não podermos assinar o contratgo e logo (lógica da batata) não podermos dormir na casa nessa noite; e isto desconsiderando já os 800 pesos que já tínhamos pago como reserva, e os 6 000 que em contas e buscas as carteiras conseguimos reunir, mas que não chegavam como entrada. Agravante: nenhum de nós tinha ainda dinheiro disponível no cartão, e mesmo que tivéssemos, tínhamos um limite máximo para levantar. Nada feito. Ou isso ou um fiador. A alternativa era pegar nos mesmos 6000 que “não chegavam” e ir ao melhor hotel da cidade para desforrar o stress de todo um dia. A agravante II era que nenhum de nós tinha telemóvel com roaming ou net para falar para casa a pedir dinheiro ou amizades argentinas para ter fiador.

Um filme… tudo se resolveu, e assinámos hoje o contrato de alquiller, sobre o olhar critico e atento desta ignorante jurídica!
A Casa??
Uma casca de noz, um mimo ao jeito Erasmus. Sofás, zero; camas, zero; só dois colchões no chão a dar um ar rústico-moderno. 3 cadeiras e 4 mesas (alguém me explica??). Umas almofadas cor de nada no chão da sala, uma cozinha casca de noz, do tempo da avozinha, e uma casa-de-banho igualmente mimosa. Dois quartos óptimos, e um outro ridículo até para uma despensa. E um kit cozinha modestamente composto por três pratos, três copos, uma panelita…. E é tudo!
Mas não deixa de ser um mimo de casa, e… é a nossa!!

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