jueves, 23 de agosto de 2007

Uma semana em exposição.

(escrito há dois dias... estou sem net em casa! vivam as borlas da faculdade!)

Cá estou eu deste outro lado há uma semana. Uma semana de Inverno, uma semana de espanhol, uma semana sem um sofá decente onde estiraçar as pernas. Uma semana sem máquina da loiça ou copos iguais, uma semana sem este e aquele café no meu Príncipe Real, sem a minha malta, uma semana sem tabaco de enrolar, porque aqui não se vendem filtros. Uma semana sem os meus irmãos e a minha Sheilla de todos os dias.
Mas uma semana já com pratos para toda a gente e uma cafeteira novinha em folha, para minha digna sobrevivência. Uma semana a ganhar capacidade de comunicação com os locais (daqui a um mês já domino a gramática e recupero a habitual característica gralha palradora), e uma semana de boas jantaradas.
A primeira foi tuga, logo no segundo dia. Parece que por estas bandas (como por todas as bandas deste planeta, somos como formigas, estamos em todo o lado!) há muitíssimos portugueses, a trabalhar, a tirar o curso, à aventura... Éramos 8 a jantar, e faltavam outros 8, conhecidos deste ou daquele. Os bifes tinham sete centímetros de altura (ok, história real... os bifes tinham sete centímetros de altura!! Nunca visto!!) e a mesa estava bem composta: 4 estudantes por um ano (nosotros), uma a estudar cinema, um a trabalhar pelo programa Contacto, uma que largou tudo em Portugal e se mandou para cá à procura de trabalho e aventura, uma que vive cá a dar aulas de português.
Não sei se foi por estarmos todos longe de casa, ou porque português é mesmo assim, mas a conversa, o convívio e a palhaçada, rolaram sem gelo, e apesar do cansaço acusado cedo – que 4 horas de diferença e algumas noites mal dormidas e bem animadas (boas despedidas, boas memórias... thanks por elas, parti com um ânimo especial) em vésperas de partir, deixam a sua marca -, a noite caiu bem e foi suave entrada nesta vida argentina.
A segunda jantarada foi agradavelmente espontânea, e talvez por isso, divertida na surpresa com que aconteceu. Na noite anterior tinha estado num bar com umas maltas da minha faculdade (ainda não criei grandes laços nessa banda, mas são estes dias de início, e a ver vamos), e um francês porreiríssimo (Laurent, seu nome; não está em Direito e não faço a mínima ideia como foi lá parar, mas foi entre ele, um brasuca do Rio de Janeiro, Leonardo, e moi même, que a conversa rolou. Sobre política, sobre cidades, sobre diferentes sociedades e distintos hábitos culturais que cada um trazia consigo. Numa perspectiva muito prática e nada pseudo-intelectual. Boa conversa, a encher as medidas e a bagagem!) desafiou passeio pela cidade no dia seguinte para conhecer alguns cantos à casa.
Lá fomos, eu e o Laurent, os meus Anjos, e uma outra francesa (porreiríssima também), Cecília. Cansativo à brava, que a cidade é de facto um mundo, e um dedo neste mapa não é o mesmo dedo noutro mapa qualquer, e o que parece ser “já ali”, fica a bons minutos a pé.
Depois de uma caneca quente a consolar o frio dos dedos e a praia de há uma semana atrás (café, natas, chocolate e baileys, bom conforto!!), vamos jantar??
Pizzas e vinho barato, jogos de cartas e muita música, no chão da nossa modesta sala – que o que temos mais próximo de um sofá é um colchão coberto com uma manta e muitas almofadas... isso, e uma bóia insuflável a fazer de poltrona! -, foi uma noite do melhor, bem ao jeito erasmus, pela pobreza do contexto físico, e riqueza do humano. Acabámos todos a noite em casa da tuga de cinema (Catarina também), à luz das velas, entre brindes, danças, converseta, e muito bom convívio.
Ontem tivemos a terceira jornada nestes campos: uma argentina amiga de uma amiga de não sei quem (por aqui não interessa muito como se conhecem as pessoas ou como se têm os contactos. Conhecendo ou tendo-os, fala-se, combina-se, conhece-se melhor, e pronto. Estamos todos no mesmo barco, todos queremos conhecer novas gentes, porque estamos todos longe das nossas), veio cá a casa jantar com uma amiga. Comeram-se, para variar, bons bifes (é impossível não comer bom – muito bom!! - bife aqui, a carne é óptima e barata! Como nos dizia o nosso taxista-postal, por mais pobres, por maior crise, carne há sempre, e buenissima!!), o meu arroz saiu empapado, o que me valeu a vergonha de ser a pior na cozinha em casa de homens (o Fran chega-me aos calcanhares, mas o Mike e o Johny têm pinta de bons cozinheiros... chato!), não havia cadeiras para todos (recorremos ao balde do lixo virado ao contrário e à mala Samsonite do Fran), mas a conversa foi óptima, corrida, e aprendemos cinema argentino, festivais próximos, concertos porreiros e bandas de rock argentino na berra. Mostrámos-lhe fotografias de Lisboa e o nosso Fado. Falou-se da Argentina, da Europa, de Portugal, de bares e bolichès (= discoteca, por aqui), de palavras proibidas e hábitos portenhos (portenho: local de Buenos Aires). Ficou a promessa de outro jantar, desta vez em casa delas. Ana e Suzy, umas porreiras. A primeira, cenógrafa, a segunda, socióloga.
Estou eufórica por me terem já duas vezes dito que tenho “pinta de argentina”!! Se isso não for coisa boa, pelo menos integro-me bem no meio.
Não será muito estranho, porque as gentes daqui são muito parecidas com as portuguesas. As velhinhas e as senhoras, os mitras e os vendedores dos quiosques, não estranho os traços, podíamos ser nós.
Mas também, a Argentina tem chapadas na comida, no falar, nos hábitos (a noite, por exemplo, começa tão estupidamente tarde como em Portugal. O francês estranhou, nós não. A diferença é que aqui há 200 boliches, e a dificuldade estará em escolher, como em Lisboa não acontece) a cultura italiana e a espanhola, e nós não somos muito diferentes, em comparação com o resto da Europa. Talvez sejamos até mais parecidos com os argentinos e seus hábitos, que com os espanhóis e italianos.
Outra delícia argentina, falando em hábitos: os homens falam-se de beijo na cara, para grande incómodo dos meus Anjos, que o estranham, em sua portuguesa masculinidade. Eu derreto-me, e rio-me.
Hoje vou à faculdade, começar as aulas enfim.
Mas isso fica para outro relato.
Tenho de sair de casa, a ver se já consigo levantar dinheiro (ando a viver há 3 dias com pouco mais de 3 euros). Oxalá consiga, tenho de comprar meias!

3 comentarios:

Unknown dijo...

vim de proposito ao clube video ericeirense mergulhar no teu blog e deliciar me com as tuas historias..os centimos sao poucos dai que nao possa esticar me..mas prometo q em breve mandarei um mail pessoalissimo recheadissimo de lamechices lesbianas como nos bem gostamos;)
estou ansiosa por chegar a casa instalar o skype e ter longas conversas..sei q vao ser meros monologos ja q nada passa se neste país, mas anseio por saber tudo timtim por timtim e prometo nao me fartar!!
fico mesmo contente por te saber bem e á descoberta desse teu novo mundinho..q bom estarem a dar se todos optimamente, e ai do meu irmao que nao olhe por ti!!
ainda nao acredito q te foste embora mesmo um ano..talvez seja por isso q ainda nao consegui escrever a tal carta de despedida..
minha querida, basicamente estas linhas resumem se ao meu entusiasmo e ansiedade por viver um pouco dessa tua experiencia atraves das tuas divagaçoes:) nunca deixes fechar esta porta por AMOR DI DIOS!!
acho q nem vale a pena dizer te q me fazes muita falta..
ps- vou assaltar os restos do teu armario q ca deixaste !!! assim sinto me mais perto de ti q achas??lol
beijo enorme..fico a espera de noticias na minbha caixa postal (nao tens desculpa de nao saberes a minha morada:) )

Unknown dijo...

vim de proposito ao clube video ericeirense mergulhar no teu blog e deliciar me com as tuas historias..os centimos sao poucos dai que nao possa esticar me..mas prometo q em breve mandarei um mail pessoalissimo recheadissimo de lamechices lesbianas como nos bem gostamos;)
estou ansiosa por chegar a casa instalar o skype e ter longas conversas..sei q vao ser meros monologos ja q nada passa se neste país, mas anseio por saber tudo timtim por timtim e prometo nao me fartar!!
fico mesmo contente por te saber bem e á descoberta desse teu novo mundinho..q bom estarem a dar se todos optimamente, e ai do meu irmao que nao olhe por ti!!
ainda nao acredito q te foste embora mesmo um ano..talvez seja por isso q ainda nao consegui escrever a tal carta de despedida..
minha querida, basicamente estas linhas resumem se ao meu entusiasmo e ansiedade por viver um pouco dessa tua experiencia atraves das tuas divagaçoes:) nunca deixes fechar esta porta por AMOR DI DIOS!!
acho q nem vale a pena dizer te q me fazes muita falta..
ps- vou assaltar os restos do teu armario q ca deixaste !!! assim sinto me mais perto de ti q achas??lol
beijo enorme..fico a espera de noticias na minbha caixa postal (nao tens desculpa de nao saberes a minha morada:) )

teresinha dijo...

depois de vérios dias sem esta tecnologia que se chama computador e internet, deparo-me com um monte de novidades bem frescas!leio e releio sem parar todos os relatos que fazes...tão pucca tão tu.
estive em porto covo e parto daqui a pouco para Barcelona. Quando voltar tenho muito que te contar, concerteza, e aí terás direito a um mail gigantesco.
Queria mesmo era agradecer-te por escreveres. Já sabia quão bem o fazes mas assim é real e sinto-me perto. Continua, não pares. Apresenta-me aos teus amigos porque quero também estar ainda mais aí. Várias vezes tenho-te aqui mesmo ao meu lado. Já me ri contigo e já dancei muito contigo. Nem sabes...."my dream is to fly, over the rainbow...so high!"
ate ja!