A ver se entendo…
Uma geração extraordinária. Sim. Ao exagero. Também. Movida, participativa, conhecedora do que se passa. Das ideias e das passadas. Um povo político ao extremo, uma consciência que não reconheci. Um conceito de Centro de Estudiantes com poder, dinheiro, e voz. Que têm a cargo as cafeterias das faculdades, os centros de copia, as bolsas dos alunos, a comunicação com a política “a sério”, muitos até os serviços que limpeza e manutenção das faculdades, que terciarizam – eu ando a aprender umas coisas…
Que têm a responsabilidade da “gente grande”, e que se dividem por ideologias mais convictas que um meu partido português de Governo e Oposição.
E uma História que não parece bater certo com tudo isto.
Tiveram un Péron durante onze anos, paternalista, num regime de culto da personalidade clássico, com direito a ilustrações nos livros da primária e o nome nos exercícios de gramática; deposto por un Golpe de Estado – a Revolução Libertadora - em 55, para safar de um regime a decair, e segue-se ditadura militar – dúvida numero 1: que diabo de solução é essa? Revolução Libertadora não me parece um baptismo muito lógico. Reposta a democracia, eleições livres, Frondizi sobe em 58 e cai também em 62 – novo golpe de Estado.
(Estão a seguir a cronologia? Golpe de 55, golpe de 62… ainda estamos no principio!)
Vem Guido, para “normalizar” a situação, e vem Illia, em 63. (De notar que nenhum destes nomes é novo na altura em que aparecem na História das Mil e Uma Presidências, antes são regressos de outras derrotas e outras historias politicas argentinas.)
Novo golpe em 66. Ongania sobe poder – este foi o tema da minha apresentação hehe – e revela-se (surpreendam-se) um ditador violento. Que cai em 70, com nova reacção militar.
Seguem-se uma série de presidentes efémeros, que se sucedem em carrosel, mais golpes, mais revoluções, Péron eventualmente regressa ao poder, volta a sair, e mais detalhes com o decorrer de mais aulas, que não há hora lectiva para tanta revolução politica.
Aperceberam-se? Peron. Deposto. Frondizi. Deposto. Illia. Deposto. Ongania. Deposto. E por aí segue, com golpes de Estado e revoluções do “agora-é-que-é-que-isto-assim-não-pode-ser” intercaladas.
Não percebo. Como pode um povo que parece ter tão enraizados seus focos ideológicos viver duas décadas de tanta instabilidade e fracassos políticos? Talvez por isso mesmo?
Mas à segunda tentativa não parece óbvia a inevitabilidade de consenso?
Onde ganham a energia para tanta revolução, onde conseguem criar novos e originais pontos de descontentamento? (que se assim não fosse, o meu semestre de História bastava-se em três semanas)
Pergunto a argentinos, que dizem que o Povo não conhece a sua História, e afinal é tudo uma questão de fraca memória? Lutas movidas pela pasion? Indecisão ou decisão tão forte que não seja aceita centímetro ao lado?
Oh tio historiador (sim, miguel freitas, é consigo), tem alguma luz para mim nesse imenso arquivo intelectual, ou terei de continuar em busca e fonte directa? Mas as vozes são tão frescas ou tão esquecidas, que não sei se por aí virá luz clara.
Meu povo argentino, alguém me explique o teu modo de pensar, que ainda me quedo pasma às charadas.
Bom complexo povo, minha querida labiríntica Alma Argentina…
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4 comentarios:
Talvez ajude a lançar um pouco de luz sobre esse permanete revolucionar, a própria génese dos países da América Latina e talvez até o de todas as ex-colónias. Encontros e desncontros de culturas, diferenças étnicas , sei lá...
Muitas saudadinhas da Avó
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