jueves, 17 de enero de 2008

Potosí - uma aventura na Mina

Potosí. Um dia na Mina, ao jeito Ana Maria Alçada e Maria Isabel Magalhaes.
Esperava uma excursaozeca num registo visita de estudo da escola, umas encenaçoes interessantes, um bocadinho de História - parece que as minas de Potosí sao ponto histórico mundial; parece que a prata que encheu os bolsos de Espanha na época do colonialismo (e de outros maus da fita europeus, como tb nós fomos) veio toda daqui; e parece que daqui nasceu verdadeiramente o capitalismo, mas isto ja pode ser doutrina política do guia revolucionário que nos levou.
Bueno... as minas.
Trajámos a rigor e lá fomos. O cenário parecia de filme, com o realismo de nao o ser. Como tudo na Bolívia: real.
Os andaimes de madeira torta a sair da encosta da montanha - o Cerro Rico de Potosí -, os carrinhos de carril de ferro amolgado empilhados à entrada, as casinhas de terra, o ar seco...
Entrámos por uma entrada com um metro e meio de altura - felizmente sou concentradinha - e mergulhamos dentro de um tunel escuro de lanterna na cabeça. Um tunel que começou a encolher até irmos quase de joelhos, onde a água e o lodo eram mais altos a cada passo, onde o cheiro a gases toxicos e a poeiras estranhas era cada vez mais intenso. Descemos até aos 200 metros abaixo do chao.
É que ali nao estavamos numa destas excursoes ensaiadas do mundo moderno, onde há figurantes a representar realidades de outras eras, e uma corrente amarela de protecçao, para lá da qual nao se pode passar.
Conheci as minas a sério, como nao sabia existirem ainda. A meio do caminho passavam por nós pequenos bolivianos - uma vida a trabalhar num buraco de metro por metro fá-los assim - a correr, em mais de tres vezes tivemos de nos esmagar contra a parede para deixar passar um carrinho de carril cheio de pedras, um dormia num recanto escondido, encontrámos um grupo de 4 a escavar a parede com umas ferramentas que pareciam de bonecas.
Pois é. Parece que trabalham ali 17mil mineiros, e ao jeito antigo da mao e da picareta. Trabalham de domingo a domingo, sem luz nem pausa, comem antes de entrar e depois de sair - meaning nao existe almoço nem a bolachinha das 4 -, vivem agachados e a respirar os cheiros e os ares mais amargos, mais tóxicos, mais perigoso - tem uma esperança media de vida 'ligeiramente' mais baixa.
Levámos-lhes folhas de coca, porque tira a fome, o cansaço e outras moléstias que tais. Mascam-na todo o dia, e tanta que parecem que tem uma infecçao gravissima nos dentes, tal a bola que mantem todo o dia no canto da boca.

Estive 3 horas na mina. Achei que morria. Imagino uma vida que vai dos 14 aos 40. Porque mais que isso, nao dá.





Puff...saímos.

3 comentarios:

Unknown dijo...

O outro lado da vida...

madalena dijo...

COCA???!!Levaste aos mineiros COCA??

Martim dijo...

^Nop, levou-a aos miúdos imagina!