domingo, 30 de septiembre de 2007

Eleições

Uma geração extraordinária. Ao exagero, still extraordinary.
Saí de Portugal com as estatísticas de abstenção das últimas muitas eleições na cabeça, e uma já amadurecida e enraizada desilusão com o estado de muitas coisas no nosso país, entre ela, a política. Não há ideais, não há projectos, não se vislumbram competências ou vocações. Da politica na televisão, nos telejornais de todos os dias, à igualmente medíocre politica na minha faculdade Clássica, de menor âmbito, mas já tão reflexo da actual guarda, o estado das coisas aparece-me como um ciclo difícil de romper. A politica tornou-se abstracta, sem o pano de fundo nem o Bem Maior que devia servir; ou tão concreta que se torna um meio para outros caminhos pessoais. Porque se tem a lábia de um mercador, ou porque abre outras portas. Alguém disse que hoje, não há quem viva para a política, mas da política. E afinal, ela é um valor autónomo, que possa valer por si?
Soa-me a velha canção popular, conhecido Malhão que, de tão bem se conhecer a letra, já não se lhe presta atenção – não há por onde variar, nem verso que diga alguma originalidade.
Parece-me uma bolha de ar, dentro da qual um bando de engravatados, sem uma pinga de humanismo ou espírito de serviço, se peleiam por nada, só para chegar à cadeira mais alta e deitar, na língua de fora, um “nhanhanan”. O troféu é worthless, e o que conta mesmo é que o ambiente na bolha não se torne aborrecido. E nesse troca-chispe constante, a pseudo-indignação inflamada torna-se banal.
E assim, nós, os que, para paz das almas e utilidade dos actos, estamos do lado de fora da bolha, deixamo-los, aos engravatados, trocando bolas de pingue-pongue e balas de borracha florescente nesse campo de jogos. E passa-nos ao lado que o tempo perdido em brincadeiras de adultos é também civilização perdida, consciência perdida.
“Não me interessa a politica”.
Como nos podemos dar ao luxo de dizer uma coisa destas, como se a politica fosse um prato de ervilhas ou um clube de futebol?!
E afinal, a mim também me enfada mais que um programa matinal de culinária.
È tempo de eleições na Argentina. De senadores, de deputados, de presidente, e do Centro de Estudiantes na Faculdade de Derecho da Uba, vulgo associação de estudantes.
As listas estão assumidamente associadas a partidos políticos, a campanha e os resultados são-no também. E chega a ser exasperante a quantidade de papéis que me enfiam nas mãos todos os dias de passo a passo (experiência comprovada, 5 minutos no corredor antes de começar a aula, 12 panfletos informativos nas mãos, em diversos tamanhos, cor, e tom politico) a tentar ganhar convertidos e votos. Não se pode andar nos corredores, a entrada da faculdade está cheia de mesas das listas – umas 15 -, os alunos das ditas andam todos os dias a entrar pelas salas adentro (inclusivamente interrompendo a aula sem pedir ou esperar resposta) a propagandear os seus ideais e parlapiè politico, e extraordinariamente os professores acham normal e não se manifestam contra a falta de cortesia (para não dizer educação).
E sim, são insuportáveis na reivindicação, nas toneladas de papel que me obrigam a aceitar (média, um kg de papel a mais à saída da faculdade), e nas tentativas de conversão – já sofri duas, e nelas, os interlocutores estavam bem entusiasmados e nada demagogos.
E têm ideologias à séria, e muitas perfeitamente desactualizadas no tempo histórico em que existem. Mas têm-nas, e organizam-se, e participam, e trabalham. E têm um Movimento e uma Consciência extraordinárias. Talvez pela sua própria História. E sabem perfeitamente do que estão a falar.
E mais irritante e mais triste que excesso de histeria reivindicativa
e de panfletos políticos é a ausência de. Do que seja.




Algumas fotografias desta consciente (but...) histeria.


Às portas das eleições... da associação académica!!!





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