lunes, 10 de septiembre de 2007

Ode à Rotina

Pronto, já posso dizê-lo: começou o dia-a-dia.
Digo-o sem ponta de lamúria ou tédio! Tem o lado bom da rotina – Ode à rotina, quem diria? -, conhecer os caminhos, saber o autocarro que apanhar sem ter de perguntar dez vezes, no próprio poder sentar-me sem a ansiedade de não saber quando tenho de carregar no botão, e gozar aqueles 10 minutos matinais em vez de ir a tentar aprender desesperadamente o percurso; não ser apanhada desprevenida com falta de folhas de papel/café/saldo no tlm/fome e já conseguir desenvencilhar-me nessas trivialidades – com um quiosque por metro quadrado também não foi difícil descobrir onde encontrar as coisas; ter aulas (aaaaahh, rejubilo) e trabalhos (aahhhh…. A mesma velha nerd de sempre, é bom reconhecer-me em qualquer parte do mundo); enfim, o lado da rotina, aquele que me faz já sentir como se fosse porteña de gema, fazer o dia-a-dia (aha!) com o à-vontade de quem vive e já não de quem visita. De quem goza e desfruta, e já não de quem anda meio perdido entre o mapa e as placas das calles.

Falando em dia-a-dia, hoje (trrrrrrrrrrrrrrrr, os tambores rufam, o que será, o que será?) falei na aula.
Para os que ainda aqui estão, e que não mudaram de leitura, desiludidos, passo a anunciar que sim, é uma grande coisa! Porque foi o SenhorProfessorDoutor a fazer uma pergunta, porque é espanhol, e os meus parcos conhecimentos no idioma não roçam o tecnicismo jurídico, porque seguiu um prof. irritado por metade da aula não ter lido o artigo dele e uma aluna que não soube responder. Não esquecendo que estava rouca, o que para a minha pessoa equivale a soar como um velho roufenho, e apanhar de surpresa (assustar-me talvez seja o termo mais acertado) quem está à espera de melodiosa voz.
Guess what, consegui articular mais de três frases perceptíveis, e o prof aprovou com a cabeça!! Esta vossa nerd ficou extasiada!!

Bem, passando à frente the boring subjects, e continuando o raciocínio… onde ia eu? Ah sim, na Ode à rotina!
Bem, finalmente se tornou natural acordar neste quarto, sair por esta porta para a faculdade, e até a parte de ter de pagar as rendas de tudo e mais alguma coisa, chamar o homem do frigorifico (que quando finalmente deixou de cheirar a decomposição, decidiu congelar tudo o que nele se punha, incluindo os ovos e o leite! Aah, doce autonomia…), chamar o homem do lavatório (que também teve um ataque de mau génio e decidiu sair da parede e cuspir o tubo e respectivas águas correntes para o chão), enfim, até isso já se faz como natural. Chato, não nego. Chato que dói – bajulem as vossas mães até ao fim das vossas vidas, eu decidi bajular a minha, não imaginam a carga de trabalhos que nos poupam -, mas natural, parte.
Faço uma pausa para acalmar esses corações mais solidários: não, não estamos a viver numa toca cavernosa. Nem estamos abaixo do limiar da dignidade humana. A nossa casinha é um apetite, mas tem muita personalidade, e deve estar a querer mostrar-nos isso mesmo agora nos primeiros dias, como sinal de boas-vindas.
Tudo o resto funciona, descansem corações!
Continuando… Hoje estou um pouco alienada, se não me controlar, acabo na centésima página de histórias e nenhuma é o final do que comecei a dizer na primeira.

Bem, o que eu queria era desenganar quem possa ter pensado que já me acomodei ao visto de residente (que, a dizer a verdade ainda não tenho, posso dizer isto num espaço público? Ou acabei de me incriminar?) ou que já perdi o doce encanto de conhecer uma cidade estranha.
Nem pensar! Agora é que tudo começa a ganhar graça! Já conheci argentinos, já tenho emails e cafés prometidos para apresentar outros feitios da cidade (conheci uma porteña porreiríssima que conhece tudo o que são concertos, peças, exposições refundidas nas veias da cidade, não para turista trazer postal, e que vai fazer o doutoramento a Lisboa este ano – parte em 15 dias – e está combinado jantar e muito produtiva conversa e troca de dicas; para mim e para ela!!), os jantares não acabam de acontecer, e sempre com caras novas, mas já não com a “ansiedade” de quem acabou de chegar. Agora todos estamos nesta pele e ninguém tem pudor em meter conversa e combinar programas. E já todos sabemos sempre um programa para outros dias, porque já conseguimos tratar a cidade por tu. E tudo corre mais divertido, mais descontraído, e no fim de cada jantarada, cafezada, ou outro tipo de comensal, tudo parece prometer mais. E a cabeça todos os dias mais transborda de ideias e projectos, e já parece que um ano não vai chegar para conhecer tudo e fazer tudo, sem saber a insuficiente, a faltar um bocadinho mais. Bom, não?? Aaah, a rotina!!





ps. Mais informação, desta vez completa, e sem risco

Calle Armenia, 2338, 6ºc. 1425 Ciudade Federal de BsAs
Casa - 0054 11 4831 5421
telemóvel (finalmente) - 0054 9 11 6434 0344

ah!, e já tenho camera e microfone, e - aleluia, rejubilem os céus - internet em casa!! estão oficialmente abertas as vias de comunicação!!

ATÉ JÁ (agora sim)

1 comentario:

MFA dijo...

Ode triunfal a uma rotina que ainda é novidade e que se deseja que o seja sempre.Parabéns pela intervenção na aula. Cat no seu mejor.Os portenhos são hospitaleiros? Convencidos? Tímidos? Espanhóis? têm facilidade para línguas? Recebem em casa ou vives num muno de gente nova e solta?