sábado, 22 de septiembre de 2007

Parque

Buenisimo! Todos os dias descubro outro lado desta multifacetada, polígona Buenos Aires – esquizofrénica mesmo, diria! Conhecido o transito e as grandes avenidas, os semáforos, os prédios e a pressa urbana, eis o outro lado!
Parques por toda a cidade, a perder de vista, a puxar imagens de uma espécie (várias espécies) de Central Park – mas que sé yo?, nunca lá fui!
Temos a sorte de viver não só ao lado de um (seria difícil não viver, porque eles estão semeados por toda a cidade), mas do maior parque de Buenos Aires – o Parque de Palermo, zona onde vivemos. E este perde-se na vista.
Ontem começou a Primavera, e quase matematicamente veio o sol.
Aparte: festa da primavera significa que todos os adolescentes desta cidade carregam geleiras e mochilas e vão para os mil parques da cidade beber, jogar à bola, beber mate (bebida típica de cá, tipo chá, mas com todo um kit especial para confecção e consumo, adiante explicarei), fazer pinos, dar cambalhotas, namorar, enfim, soltar o teenager que têm em si. A chave do acontecimento é que, num parque gigante, do qual não se vê nem o principio nem o fim, é difícil arranjar um espacinho para estender a manta e entrar no programa. Claro que o parque em pouco tempo se torna num acampamento de festival de Verão, e ao fim da tarde vêm as ambulâncias recolher os infelizes que beberam demasiada cerveja, e a policia inspeccionar eventuais actividades ilegais. Mas tem a graça de ser uma tarde em que todos os teens da cidade – todos! – se concentram a povoar um parque imenso, e de metro a metro relvado, haver uma asneira ou patetice original, típica da idade – os 15 têm uma criatividade extraordinária para a parvoíce, falo com conhecimento de causa, os meus não estão muito distantes!
Continuando… o parque de Palermo! Saí eu comigo de passeio, a mastigar uma noite acabada de manhã – extraordinária festa bubamara, musica cigana (já ouviram falar do Kusturika? Eu não tinha… realizou o Gato branco gato Preto, e a musica é esse género – de leste, cigana, balcânica, que sé yo! Muuuito bomg!! Tanto, que acabou às seis da manhã!)
Relvado sem fim, plano, a não parecer acabar, e a luz dourada do bom sol de hoje (sweet sunny Saturday!) a fazer saltar o verde ao ar, berrante. Entre algumas árvores deitam-se no chão jogos de luzes, fuscos, e sombras, e o Parque chama por nós!
O primeiro sinal de vida, ao principio do Parque, veio de um grupo de mulheres que faziam uma espécie de arte marcial dançada, com um bastão à tartaruga ninja, e em câmara lenta, descalças… que imagem! Via a primeira figura entre as árvores, e dois passos à frente, abriu-se uma clareira solarenga, e lá estava, a imagem perfeita de uma tranquilidade muito zen, muito cheia, de um sábado de sol.
Para mim, aquela imagem tinha bastado. E depois comecei a entrar pelo parque adentro, e apareceu o movimento eufórico já acostumado e familiar, que salta em toda a – voltei a reconhecê-la! Pessoas (mil!) espalhadas por todo o Verde, em grupo, em família, em silencio; a ler, a conversar, a namorar, a beber mate partilhado, a jogar tudo e mais alguma coisa, a andar de patins, de bicicleta, de carrinho a pedais, de gaivota, de barco a remos… e em volta do lago, a salpicar o verde-dourado eléctrico (nunca vi um verde assim…) da relva, uns coretos de madeira brancos aqui e ali, a lembrar filme antigo. A cidade nas costas, e o enorme parque virado para si, como se fosse um mundo aparte – e não é?
Deleitada com a visão – o bucolismo vs urbano no seu melhor contraste, extraordinário sentido! -, ia chocando com outro que, como eu, gozava seu sábado. Ainda bem, que personagens daquelas não se podem perder! Um tipo enfiado numa fatiota encarnada, empoleirado nuns patins em linha, e em posição de ballet (1ª? 2ª? 7ª?), vibrava em playback a musica que tocava nos head-phones – calculo que ópera or something, pela maneira como cantava dramático em silencio… e de repente, começou a patinar a alta velocidade, dançando… sim, qualquer coisa como ballet em patins – se não existe tal modalidade, passou a existir! Uma figura! A graça é que ninguém pareceu surpreendido ou sequer atento com a situação – capaz de ser natural, e eu sou a ignorante da estranja!!
Acabei o passeio no museu sivori, no meio do parque, porque no jardim do museu havia um concerto de Bossanova – extraordinário, muito muito bom! Mesclava um bocado de jazz e tinha uma rapariga de branco que dançava contemporânea descalça no meio do jardim e das pessoas. E tudo acabou de pé a acompanhar o refrão e a bater palmas a tão boa tarde!
Estou enraivecida por não ter bateria na máquina, nem cabo para o efeito, porque foi uma tarde cheia de boas imagens, e têm perdido muitos bons bocados dos meus dias… a ver vamos se as palavras descritas são suficientes!!

Ontem fomos jantar a casa do Laurent, o francês do primeiro jantar, lembram-se? A pizza e o vinho barato? O chão da nossa casa? Convidou-nos a inaugurar o seu piso novo, finalmente conseguido, e fez uma extraordinária parilla para todos – qualquer coisa como 8 quilos de carne para 12 pessoas. Sem outro acompanhamento que bom vinho – a carne pela carne, o bife pelo bife. Extasiada!!

Hoje, vamos todos jantar a casa de umas colombianas!

Mais matéria para relatar!! Oxalá nunca me falte!
Entretanto a vontade de viajar já se faz sentir, e os projectos desenhados com o dedo sobre o mapa repetem-se diariamente.

2 comentarios:

Lilocas dijo...

Ó sua estranja ignorante !
É só para lhe dizer que sim, as sua descrições são mais que satisfatórias, (...aliás, quem sai aos seus não é de "Genebra" ...)
e ao contrário do nosso estimado Renato
( o ultimo macho do Príncipe real ), tenho que lhe confessar que tem sido um deleite para nós, especialmente para mim, aperceber-me que vocé bateu asas e está a aprender a voar...e inexplicavemente ( apesar da minha jovem idade ) estas tais como muitas outras coisas só nos são dadas a perceber quando estamos distantes, não é ?
bjs.

P.S. Não se esqueça que só está aí por empréstimo.

MFA dijo...

Da Avó Uca que até já carrega no page down" Credo, vem de lá mais gorda" e " Não sei se não verá BA mais bonita do que é de facto".